26 de julho de 2010

Excerto de um Postal.

"Em cada momento de silêncio encontramos um novo pedacinho de nós que até então tinha permanecido bem escondidinho, por medo, por orgulho ou simplesmente porque por mais que julguemos que ninguém nos conhece melhor que nós próprios, nem sempre é assim. É preciso pôr de lado receios, não ter medo de descobrir quem somos, nem o que queremos ser amanhã. Deixar a luz brilhar no nosso coração e partilhá-la com os outros."

Escritas há um ano, por uma das pessoas mais importantes na estrada da minha Vida, nunca significaram tanto como agora. Encontrar-me.

23 de julho de 2010

Escrever.

Sentada ao computador com uma vontade tremenda de escrever. E como tantas vezes nem sei sobre o quê, falar mais uma vez da vida, dos amigos, da família, das alegrias e das desilusões? Das frases que nos fazem sorrir e das que nos fazem chorar, dos olhares e atitudes que mexem connosco, mesmo que não queiramos? Hoje vou ser diferente.
Porquê a vontade de escrever? Num blog? Numa folha de papel solta? Num diário? Talvez pela partilha, pela busca de um diálogo (se bem que o pc não me vai responder), pela necessidade de pôr por escrito aquilo em que a cabeça deambula todo o dia, de assentar ideias.

Pelo partilhar, o que é um bocado vago digamos. No fundo estou a partilhar com quem? Alguém que lê ou o ninguém que lê. É alguém, mas é tão vago. Não é uma presença, não é ter esse alguém ao lado, não é como um telefonema ou uma mensagem escrita. Não é como um amigo, e não há nada melhor que uma longa conversa com um amigo!

Pelo diálogo? Monólogo mais. Ou então basta escrever uma sucessão infindável de parágrafos com travessões e criar duas ou mais personagens a partir de mim mesma. Dava para entreter umas horas! Demasiados rodeios, fugir ao ponto, criar personagens com opinião própria mas no fundo tendenciosas, um dia quando tiver tempo e se seguir pelo caminho da escrita, nos intervalos da futura vida farmacêutica. Ou então quando perder de vez o juízo!

Assentar ideias? Mais por aí talvez. Construir frases, juntar as letrinhas e formar palavras, juntar essas palavras de forma ordenada, no fundo é um reflexo da organização que tentamos impor a quem somos. Quando temos muitos pensamentos ou ideias a bailar, a organização de escrever ajuda a organização invisível do ser. É algo seguro, objectivo e normalizado: substantivo, verbo, adjectivo. Só o dizer, exteriorizar o que nos vai na cabeça, construir com isso frases mais ou menos ordenadas, nos faz sentir melhor. É até surpreendente a leveza que se sente depois de “deitar para fora”.

Disse me alguém que um blogger é um solitário, que escreve porque não tem ninguém com quem partilhar a sua vida e as suas experiências. Ou alguém que tem receio de se dar realmente a conhecer, de construir uma amizade com um alguém verdadeiro e que usa a máscara do computador, onde ganha a liberdade de dizer tudo o que lhe vai na alma e tudo o que não vai, de construir quem gostaria de ser e de não mostrar quem realmente é.

O meu “eu blogger” é alguém que definitivamente não se encaixa nisso. Escrevo porque gosto de partilhar, porque no fundo gosto de escrever (mesmo que não tenha grande jeito para isso), porque escrever acalma-me (não é assim tão estranho), organiza-me e atira-me para fora do meu mundo, do meu cantinho de ideias, no fundo é um empurrão para aprender e encarar o que vai acontecendo. Faço-o à falta daquele alguém verdadeiro que me possa ouvir de imediato, no momento em que preciso (são tantas as vezes que não ouvimos), por diversas razões. Simplesmente, sinto-me bem ao escrever!

20 de julho de 2010

Há certas horas.

"Há certas horas, em que não precisamos de um Amor. Não precisamos da paixão desmedida. Não queremos um beijo na boca nem corpos a encontrarem-se na maciez de uma cama.

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado sem dizer nada.

Há certas horas, quando sentimos que estamos quase a chorar, que desejamos uma presença amiga, a ouvir-nos, paciente, a brincar connosco, a fazer-nos sorrir.

Alguém que ria de nossas piadas sem graça, que ache as nossas tristezas as maiores do mundo, que nos teça elogios sem fim e que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade inquestionável. Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado.

Alguém que nos possa dizer:
Acho que estás errado, mas estou ao teu lado.

Ou alguém que apenas diga:
Estou Aqui!"


William Shakespeare

17 de julho de 2010

Palavra-Chave.

Altura confusa. Altura estranha. Em que me chegam as lágrimas aos olhos por uma música, por uma frase mais ríspida, por uma falta, por um momento de silêncio. Todas as convicções e todas as crenças bem como “é este caminho que vou seguir” se perdem nos dias em que parece que tiro os óculos de sol, abro os olhos e vejo o Mundo duro e a duas cores. Dias esses em que o sorriso para os outros e para o espelho não é capaz mais de desempenhar o seu papel mor de auto-convencimento. Tudo afecta negativamente, tudo em pleno Oceano puxa para baixo e me afoga numa espiral interminável. Tremor de terra. Desaba o pilar da família, da amizade, do amor, da confiança, do que é certo. Medo.

5 de julho de 2010

Fé.

“A fé é a expectativa certa de coisas esperadas, a demonstração evidente de realidades, embora não observadas”.

Sentei-me na cama com o pc à frente (contribuir mais para o calor não faz diferença, já é tanto) com a ideia de enumerar situações em que se faça uso da Fé, tendo ela o significado religioso ou um simples e banal. Sendo tantas aquelas em que se usa, são tantas aquelas em que se a perde. Com que objectivo? Auto-convencer-me não, apenas demonstrar a razão de acreditar.

Medo, solidão, sensação de queda, invisibilidade, desamparo, são dos piores sentimentos do Mundo. Não diria “quando tudo à nossa volta parece cair” mas quando “tudo aqui dentro parece cair”. Imensas situações na Vida nos põem a prova em todas as vertentes da mesma: saúde, família, amigos e até o lugar que se escolhe para morar. Isolados ou em conjunto, os problemas surgem assim como as ervas arrebitam depois de uma manhã de chuva copiosa. Há dias em que o sol não sai à rua, como se diz? “Há dias de manhã em que uma pessoa à tarde não devia sair de casa à noite”. E é aqui que a Fé nos dá asas. Como? Está em processo de descoberta. Talvez nunca se saiba, no fundo talvez seja isso… Ter fé na Fé. Na busca da razão de acreditar, de esperar, de sorrir… Marta, busca a Fé. É uma razão sem a ser e é tão ou mais válida como qualquer outra.

Quem diria?