23 de julho de 2010

Escrever.

Sentada ao computador com uma vontade tremenda de escrever. E como tantas vezes nem sei sobre o quê, falar mais uma vez da vida, dos amigos, da família, das alegrias e das desilusões? Das frases que nos fazem sorrir e das que nos fazem chorar, dos olhares e atitudes que mexem connosco, mesmo que não queiramos? Hoje vou ser diferente.
Porquê a vontade de escrever? Num blog? Numa folha de papel solta? Num diário? Talvez pela partilha, pela busca de um diálogo (se bem que o pc não me vai responder), pela necessidade de pôr por escrito aquilo em que a cabeça deambula todo o dia, de assentar ideias.

Pelo partilhar, o que é um bocado vago digamos. No fundo estou a partilhar com quem? Alguém que lê ou o ninguém que lê. É alguém, mas é tão vago. Não é uma presença, não é ter esse alguém ao lado, não é como um telefonema ou uma mensagem escrita. Não é como um amigo, e não há nada melhor que uma longa conversa com um amigo!

Pelo diálogo? Monólogo mais. Ou então basta escrever uma sucessão infindável de parágrafos com travessões e criar duas ou mais personagens a partir de mim mesma. Dava para entreter umas horas! Demasiados rodeios, fugir ao ponto, criar personagens com opinião própria mas no fundo tendenciosas, um dia quando tiver tempo e se seguir pelo caminho da escrita, nos intervalos da futura vida farmacêutica. Ou então quando perder de vez o juízo!

Assentar ideias? Mais por aí talvez. Construir frases, juntar as letrinhas e formar palavras, juntar essas palavras de forma ordenada, no fundo é um reflexo da organização que tentamos impor a quem somos. Quando temos muitos pensamentos ou ideias a bailar, a organização de escrever ajuda a organização invisível do ser. É algo seguro, objectivo e normalizado: substantivo, verbo, adjectivo. Só o dizer, exteriorizar o que nos vai na cabeça, construir com isso frases mais ou menos ordenadas, nos faz sentir melhor. É até surpreendente a leveza que se sente depois de “deitar para fora”.

Disse me alguém que um blogger é um solitário, que escreve porque não tem ninguém com quem partilhar a sua vida e as suas experiências. Ou alguém que tem receio de se dar realmente a conhecer, de construir uma amizade com um alguém verdadeiro e que usa a máscara do computador, onde ganha a liberdade de dizer tudo o que lhe vai na alma e tudo o que não vai, de construir quem gostaria de ser e de não mostrar quem realmente é.

O meu “eu blogger” é alguém que definitivamente não se encaixa nisso. Escrevo porque gosto de partilhar, porque no fundo gosto de escrever (mesmo que não tenha grande jeito para isso), porque escrever acalma-me (não é assim tão estranho), organiza-me e atira-me para fora do meu mundo, do meu cantinho de ideias, no fundo é um empurrão para aprender e encarar o que vai acontecendo. Faço-o à falta daquele alguém verdadeiro que me possa ouvir de imediato, no momento em que preciso (são tantas as vezes que não ouvimos), por diversas razões. Simplesmente, sinto-me bem ao escrever!

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